31/10/08 - 12h00
InfoMoney
Um dia desses, conversando com um amigo, ele me confidenciou que vai completar 15 anos que investe em ações. Entrou na Bolsa praticamente junto com o Plano Real. Ou seja, ele não passou por nenhuma mudança de moeda, nem por qualquer daqueles pacotes que volta e meia faziam o Brasil tremer. Em compensação, nesses dois mandatos do Fernando mais dois do Lula, um sem número de crises atravessou seu caminho: Ásia, Rússia, Bin Laden, Efeito Lula, etc. Mas ele manteve-se firme, determinado em sua decisão de manter os seus investimentos em renda variável.
Sinais de arrependimento? Pelo contrário. Os números são bem eloqüentes em relação ao acerto de sua decisão. O volume de que ele dispõe hoje na Bolsa eu conto daqui a pouco. Por ora, e apenas como memória de cálculo, vamos ficar com a soma dos valores que ele havia investido até setembro de 2008: R$ 94 mil. Guarde esse número, por enquanto, e vamos à história do meu amigo.
No início de 1994, ele aplicou R$ 5 mil em papéis que simulavam o Índice Bovespa. E, a partir daí, todo santo mês, ele passou a depositar R$ 500. Chovesse ou fizesse sol. Com crise na Ásia ou sem crise na Ásia. Independentemente de qual candidato estava na frente das pesquisas. Acreditando sempre que Bolsa = longo prazo. Nesse sentido, ele raciocinava que o seu risco na Bolsa sempre esteve limitado aos R$ 500 de cada mês - fora o investimento inicial.
"Bolsa é para aquele dinheiro que você pode dispor, e perder de vista!!!" |
Mas a história não parou por aí. Meu amigo continuou, nos cinco anos seguintes, aplicando religiosamente os seus quinhentos reais por mês. Em maio de 2007, o patrimônio dele chegara a R$ 4.963.000,00! Ou seja, em apenas quatro anos, ele havia quadruplicado a sua poupança. Em abril de 2008, a carteira dele já ultrapassava o valor de R$ 5.520.000,00!
E aí a Bolsa começou a cair. Mas ele continua a poupar seus R$ 500 todo mês, pois continua acreditando que este é e continuará a ser o seu único risco mensal, continua acreditando que Bolsa é longo prazo, e continua acreditando muito no Brasil de depois de amanhã. Afinal, apesar do seu patrimônio ter recuado para "apenas" R$ 2.193.000,00, isso representa ainda um ganho acumulado de um pouco mais de 2.200%!
No final da história, eu perguntei para ele como se sentia, tendo "perdido" uma média de R$ 168 mil por mês nos últimos 13 meses, e ele me respondeu na hora:
- Meu caro, com um risco de R$ 500 por mês, eu prefiro continuar acreditando que BOLSA = LONGO PRAZO.
Bons investimentos e um bom Brasil para todos...
Corolário - bolsa é para aquele dinheiro que você pode dispor, e perder de vista!!! Na baixa você não vai ter dor de barriga...
Marcelo Smarrito é diretor de Varejo da corretora Gradual, autor do livro "Desmistificando A Bolsa de Valores" e escreve mensalmente na InfoMoney, às sextas-feiras.
marcelo.smarrito@infomoney.com.br