16 de maio de 2009

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Um pouco pior do que se pensava

Depois de conhecer os resultados da Gerdau, há poucos dias atrás, o mercado se espantou nesta semana com os da Sid Nacional e da Usiminas (esta com surpreendente prejuízo) e, aparentemente, ameaça abortar o repique intermediário que todas elas vinham apresentando, depois de um fundo em outubro de 2008.

Intimamente ligado ao crescimento das economias, o setor de siderurgia já vinha arcando com dificuldades em estruturar seus preços e custos, devido à velocidade com que ocorreram mudanças nas cotações dos insumos, como minério, sucata, fretes marítimos etc., ao mesmo tempo que a demanda por seus produtos sofria acentuada queda no final de 2008 e mesmo no trimestre em exame.

Medidas como suspensão de novos investimentos, demissões, desligamento de fornos e outras, foram tomadas mas, em princípio, são mais um jogo de cena do que atos eficientes de gestão: um colapso como o ocorrido praticamente não tem conserto, a não ser pela gradual recuperação, já que as capacidades instaladas são elevadas, proporcionais ao pico de demanda atingido em 2008 e tudo ocorreu de forma extremamente súbita.

O prolongamento dessa situação pode afetar a própria saúde financeira dessas empresas, que é ainda boa, restando saber o quanto de tudo o que aconteceu estava descontado na abrupta queda das cotações do ano passado.

Sempre privilegiadas pelos investidores, as perspectivas das siderúrgicas ainda estão pouco claras.

Ao decidir escrever o artigo anterior sobre este assunto(Edição anterior), estava eu sintonizado com uma série de consultas que havia recebido e porque o fim do repique era uma sensação do público tão generalizada, e lógica, após várias semanas de alta em todo o mundo, que logo a seguir, nesta semana, muitas matérias afins se multiplicaram pela Internet e pela mídia em geral.

Como sempre, mesmo os analistas que se intitulam grafistas, não resistem a declarar que a iminência do final do repique se deveria à disparidade entre a intensidade desse movimento e o andamento da crise e sua eventual futura recuperação...

Nada menos técnico e inconclusivo, inclusive porque as noções fundamentalistas que envolvem esta crise, antes e durante, são controvertidas e falhas, não preveniram sobre o acontecido, não conseguiram definir claramente o que aconteceu e, naturalmente, adotaram visões catastróficas que, aos poucos, estão se mostrando longe da realidade.

Do ponto de vista técnico, o que há para se considerar é a marcante característica dos mercados em procurar se antecipar aos fatos: se muitos acreditam que a plena recuperação aparecerá em 2010, ninguém vai esperar até lá para se posicionar no mercado. Além disso, o analista é forçado a ter algum cenário de longo prazo sobre o Ciclo, para identificar as peculiaridades de cada fase e apurar a contagem.

No nosso caso, o cenário é o de que estamos na Onda IV de um Ciclo iniciado no final de 1992; como acreditamos que a maioria dessas Ondas se desdobra em duas pernas de baixa e um repique intermediário e que as Ondas IV são menos intensas do que as Ondas II em matéria de correção das altas anteriores, contamos uma primeira perna (A) de maio a outubro de 2008, um repique (B) de outubro até agora e aguardamos para mais adiante, uma segunda perna de baixa (C) que não deverá chegar até os 29 mil da Onda IV,A...

O final do repique será sinalizado nos gráficos por estudos como o IFR, como foi o assunto da semana passada e do gráfico acima...