17 de maio de 2009
O que queremos e o que pode acontecer
É notório a vontade generalizada de que o Ibovespa volte a trabalhar nos patamares pré-crise. Para os compradores de longo-prazo, isso significaria uma diminuição total das angústias de quem viu seu patrimônio em ações derreter na proporção de 50% desde maio do ano passado. Para os compradores de curto-prazo, seria a chance de quitar de vez os prejuízos dessa correção descomunal que todos vimos acontecer em 2008 e a chance de afinal fazer render o suado dinheiro reservado para renda variável. Bom para as corretoras, bom as empresas, bom para todo mundo. Mas talvez ruim para a realidade.
Os balanços divulgados nessas últimas duas semanas das principais empresas de capital aberto aqui no Brasil, com algumas exceções, foi um verdadeiro jato de água-fria em todos essses torcedores. CSN, Gerdau e Usiminas, particularmente, mostraram em seus respectivos balanços que a euforia que elevou o índice brasileiro a corrigir 50% da sua queda talvez estivesse superestimando os efeitos da crise. Será que uma empresa, como Usiminas, que divulgou um prejuízo amargo de mais de 100 milhões de reais poderia realmente ter a mesma cotação (R$35,00) do primeiro trimestre de 2007, quando a mesma divulgava um lucro líquido de mais de meio bilhão de reais? É notório que a saúde de muitas de nossas preferidas empresas de capital aberto não estão comportando a valorização que seus ativos receberam do mercado nos últimos meses, e que por isso mesmo possívelmente serão corrigidos. É preciso estar preparado para isso.
Torcer faz parte, mas não contra a realidade.
A semana promete um início de quedas, de correção de possíveis exageros. Índices futuro americano com queda de quase 1% no momento, e bolsa da Austrália (-1%) e Tókio (-2.80) com quedas mais acentuadas. Boa semana a todos.