15 de setembro de 2009

Para Barclays, alta das bolsas não é bolha

O Barclays estima ainda uma retomada no crescimento das exportações do país, após uma fase de desempenho muito abaixo do esperado no primeiro semestre do ano. Para os próximos três meses, a previsão é de um aumento em torno de 16%, contra os 9% observados de maio a julho.

"Pequenos soluços"
A perspectiva de um forte crescimento para o Brasil nos próximos meses e em 2010 tem dado ao país uma vantagem sobre os demais países latino-americanos, uma vez que ele pode se beneficiar da capacidade de conduzir sua política fiscal de forma flexível, sem que isso acarrete em futuras restrições. Os analistas estimam que o país irá desfrutar de grande credibilidade no mercado mundial, embora "não seja possível descartar pequenos 'soluços' nos anúncios sobre a área fiscal".

O crescimento econômico combinado com uma baixa taxa de juros reais dá o pano de fundo ideal para que o país mantenha uma tendência de baixa da dívida pública em relação ao PIB ao mesmo tempo em que permite ao governo aumentar as despesas. Na opinião dos analistas, enquanto houver crescimento, ele compensará os "pequenos pecados ficais" que os governos locais possam cometer. Este cenário é de fato providencial, já que as eleições presidenciais se aproximam, aumentando a probabilidade de resultados fiscais negativos nos próximos meses.

Quanto ao orçamento para 2010, ao contrário de países como o México, cujos números foram encarados com ceticismo pelo mercado, o anúncio brasileiro (no fim de agosto) foi recebido de forma “benigna”. De acordo com o Barclays, o mercado não tem se preocupado com a redução do superávit primário no Brasil devido à perspectiva de retomada do crescimento nos próximos meses. O banco espera uma contração de 0,7% para o PIB brasileiro neste ano, mas uma forte expansão de 4,3% em 2010. Entretanto, permanece o ceticismo dos economistas a respeito da meta do governo em alcançar um superávit de 3,3% do PIB primário em 2010. O consenso dos analistas é de que o superávit chegará a 2,5%.

"Para complicar as coisas, as eleições nos países latino-americanos estão marcadas para o que parece ser a metade do período de recuperação", diz o relatório do Barclays. "É claramente um período durante o qual parece pouco provável que a restrição fiscal ocupe o topo das agendas para estas economias".

Para os analistas, haverá uma grande barreira fiscal a ser transposta pelos governos que serão eleitos e um forte crescimento econômico será a chave para fazer com que isso aconteça facilmente. No Brasil, uma política fiscal flexível em 2010 pode significar, para o próximo presidente, a necessidade de, ao tomar posse, ajustar imediatamente suas contas se o crescimento econômico começar a cair.

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