18 de maio de 2010

Cenários para o Ibovespa

É engraçado ver como os jornais e a mídia em geral não sabem lhe dar com indefinição, mesmo em matérias aonde a indefinição faz parte da própria natureza do que é investigado, como é o caso dos mercados de capitais. Nesses últimos dias aonde a bolsa brasileira insiste em cair, não é raro vermos analistas de plantão pintando todo tipo de cenário, um mais apocalíptico que o outro, e todos eles com ares de exatidão científica em suas previsões, como se a natureza da renda variável fosse passível de previsibilidade como o são os demais investimentos em renda fixa, imóvel etc. O papel de um verdadeiro analista, longe de adivinhar o que irá ocorrer, é de interpretar a realidade que lhe é apresentada e apontar aos demais as inúmeras possibilidades que o presente demonstra. Sendo assim, preparei um pequeno e simplíssimo gráfico que deve orientar os passos do investidor de curto e médio prazo para os próximos dias.

Gráfico diário do Ibovespa. Vemos um forte período de alta, que vem desde o fundo da crise de 2008, em 29 mil pontos, e que se segue em plano inclinado até janeiro de 2010, aonde faz um pico em 70 mil pontos. Logo depois, vemos uma queda dos preços e em seguida, um novo pico mais ou menos na mesma faixa daquele primeiro topo de janeiro, em 72 mil pontos. Novamente, uma queda até o momento presente em 60.700 pontos.

Se nos próximos dias o mercado encontrar força compradora, e não perder de modo algum em fechamento os 60 mil pontos, pode-se acreditar numa prologanção de um período de lateralização do mercado, aonde os compradores se situariam no suporte dos 60 mil, e os vendedores na resistência de 70 mil, que trocando suas forças deixariam o mercado indefinido até que uma das extremidades fosse vencida. Acima dos 72 mil pontos, se iniciando pelos 66 mil pontos, a região é dos touros.

Se nos próximos dias o mercado não encontrar força compradora, mas pelo contrário, perder o suporte dos 60 mil pontos, entramos numa tendência de baixa declarada, com uma bela figura de topo duplo em forma de M com projeção de queda até 48 mil pontos, pondendo se extender até 42 mil e finalmente os 29 mil pontos, sendo que os 55 mil pontos podem dar alguma chance de alívio para os compradores. O OBV indica para esse cenário de quedas maiores. A região é de ursos.

Portanto, como vemos, a região de 60 mil pontos é divisória de tendência no curto e médio prazo e deverá definir como serão as próximas semanas e meses. Os compradores que se encontrarem num mercado abaixo dos 60 mil pontos deverão pensar sériamente em estopar suas posições e darem lugar para operações na ponta vendida, quer dizer, aonde se ganha com a queda, através do aluguel e da venda de seus ativos. Quem não souber como se faz esse tipo de operação, recomendo que liguem para suas corretoras e verifiquem essa possibilidade. Do caso contrário, permanecer líquido até que o mercado faça um novo pivot de alta será a decisão mais sensata já que a possibilidade de um duplo mergulho será real e iminente.

No caso do mercado se segurar, com força, volume e convicção na região dos 60 mil pontos, compras com estopes nas mínimas desse movimento de baixa serão viáveis com targets de lucro modestos, mas ainda assim, possíveis. Acima dos 72 mil pontos, buscamos os 74 mil e os 80 mil pontos.

Portanto, esteja preparado e saiba o que fazer e como fazer a partir dos movimentos soberanos dos mercados, que estão sempre plotados nos gráficos, sabendo identificar sua tendência e operando a favor dela, e nunca contra ela, sob pena de crash financeiro. E uma dica pessoal: se o mercado entrar em tendência de baixa secundária e primária, que é o que está parecendo que irá fazer, fuja das tentações de compra e de adivinhação de fundos de retomada do mercado, fuja da tentação de pegar faca caindo, de fazer preço-médio ou qualquer outra atitude baseada em emoções e conceitos de "caro ou barato". Espere com calma um novo zigue-zague de alta e então volte a comprar, pois tendências definidas dão lucros para atrasados e atrasadíssimos, mas nunca dá lugar para adiantados.