Os países da UE chegaram a um acordo sobre a adoção de um plano de socorro histórico que pode chegar a 750 bilhões de euros para ajudar os países da zona do euro caso seja necessário e para pôr fim a uma crise financeira que se estende perigosamente.
Este plano sem precedentes na história recente para um programa de apoio financeiro inclui empréstimos e garantias dos países da zona do euro, além de empréstimos dos Fundo Monetário Internacional.
Ele foi decidido na madrugada de domingo para segunda-feira, depois de mais de onze horas de negociações em Bruxelas entre os ministros europeus das Finanças, convocados de urgência.
A ajuda terá 60 bilhões em empréstimos concedidos pela Comissão Europeia e 440 bilhões de euros em empréstimos ou garantias dos países da zona do euro, ou seja, um total de 500 bilhões, anunciou à imprensa a ministra espanhola da Economia, Elena Salgado.
O Fundo Monetário Internacional concederá também uma contribuição em empréstimos de até 250 bilhões de euros, indicou ela, depois de ter mencionado anteriormente o valor de 220 bilhões.
Em um comunicado, o Banco Central Europeu (BCE) indicou que vai "realizar intervenções nos mercados de obrigações privado e público da zona do euro" com o objetivo de pôr fim aos problemas constatados.
Ele não detalhou imediatamente de que forma isso será feito.
O BCE também anunciou medidas para enfrentar as dificuldades dos bancos da zona do euro em se alimentar de dólares, facilitando seu abastecimento.
Para conseguir isso, uma ação concertada do BCE e dos bancos centrais de Estados Unidos, Canadá, Inglaterra e Suíça foi estabelecida, por meio da reativação de mecanismos de troca (swap) de divisas para permitir à zona do euro obter dólares com mais facilidade.
Os ministros travaram ao longo do dia e à noite uma corrida contra o relógio para encontrar uma solução confiável antes da abertura dos mercados da Ásia, no momento em que a crise grega ameaça afetar outros países da zona do euro, como Portugal e Espanha.
Esses dois países se comprometeram a "acelerar" em 2010 e em 2011 seus planos de redução do déficit público e anunciarão medidas significativas o mais rápido possível para acalmar os mercados, anunciou Salgado.
A origem da tempestade está no nível de déficit muito elevado de vários países atingidos pela crise financeira e econômica, o que gera dúvidas a respeito de sua capacidade de pagar suas dívidas.
As primeiras reações foram positivas. O euro saltou nas primeiras transações em Tóquio superando 1,29 dólar.
O programa será utilizado "apenas em caso de necessidade", disse o comissário europeu de Assuntos Econômicos, Olli Rehn. Ele indicou que a concessão des empréstimos estará associada "a condições rigorosas" que deverão ser respeitadas pelos países.
"É muito parecido com o sistema estabelecido para a Grécia", que recebeu 110 bilhões de euros em empréstimos em três anos, 80 bilhões de euros pelos parceiros da Grécia na zona do euro e o restante pelo FMI, que aprovou no domingo a sua contribuição para este país, segundo uma fonte diplomática.
A Europa não pode se permitir mais uma vez "decepcionar os mercados" depois de ter causado turbulências nos últimos meses por ajudar uma Grécia enfraquecida, considerou o ministro sueco das Finanças, Anders Borg.
Ele pediu também um combate às "hordas" de especuladores que se comportam como "uma alcateia de lobos".
A Comissão Europeia havia proposto em um primeiro momento empréstimos da União Europeia garantidos pelos 27 Estados da UE, e pretendia criar um sistema com montantes "ilimitados", segundo um diplomata.
Mas a ideia foi abandonada por causa da recusa alemã.
A UE estava sob pressão porque a crise estava prestes a ganhar uma dimensão internacional com os riscos de contágio.
O presidente americano Barack Obama havia pedido no domingo à chanceler alemã Angela Merkel que adotasse "medidas enérgicas para recuperar a confiança dos mercados", indicou a Casa Branca.