17 de maio de 2010
Euro despenca 1,41% e atinge o menor nível desde a quebra do Lehman
O euro caiu na sexta-feira ao patamar mais baixo desde o colapso do Lehman Brothers, por causa dos temores de uma possível desintegração da zona do euro.
A moeda comum caiu para US$ 1,24 pela primeira vez desde novembro de 2008, depois que a primeira-ministra da Alemanha Angela Merkel disse que a Europa está em uma “situação muito, muito grave”. O jornal “El Pais” informou que a França ameaçou deixar o euro durante as negociações que levaram esta semana a um pacote de ajuda de quase US$ 1 trilhão. O iene subiu contra todas as grandes moedas, incluindo o dólar australiano, depois que os preços do petróleo recuaram pelo quarto dia seguido.
“O euro está condenado”, disse Andrew Wilkinson, analista de mercado sênior da Interactive Brokers Group de Greenwich, Connecticut. “Está como um palhaço sem maquiagem. As tensões entre os parceiros estão ficando evidentes e está mais difícil imaginar que o crescimento da economia mundial não será ameaçado por isso.” O euro caiu 1,41% para US$ 1,2358 em Nova York. Ao longo da sexta-feira ele chegou a romper a barreira de US$ 1,25 pela primeira vez desde março de 2009 e chegou a US$ 1,2359, o menor nível desde outubro de 2008. O euro caiu 2,2% em relação ao iene, para 113,77 ienes, o menor nível em uma semana, contra 116,27 ienes na quintafeira.
O dólar foi negociado a 91,90 ienes, ante 92,72 ienes na quinta-feira.
O dólar australiano caiu 0,9% para 88,84 ienes, por causa de especulações de que investidores teriam revertido operações de carry trade que teriam lucrado com a taxa de juro básica de 4,5% do banco central australiano. A taxa referencial de juros do Japão, de 0,1%, torna o iene uma moeda de financiamento popular para esses negócios. Essas estratégias perdem dinheiro quando a moeda de financiamento ganha, porque o empréstimo fica mais caro para ser pago.
O contrato futuro de petróleo bruto para entrega em junho chegou a cair US$ 1,68, ou 2,3%, para US$ 72,72 o barril, nas negociações eletrônicas da Bolsa Mercantil de Nova York (Nymex). É o menor preço desde 12 e fevereiro.
O preço do ouro subiu para US$ 1.249,40 a onça em Londres, e no mercado futuro o preço chegou a US$ 1.249,70 em Nova York, enquanto o metal registrou suas maiores altas históricas em euros, francos suíços e libras. O euro caiu ao menor patamar em relação ao dólar em 14 meses, em meio a especulações de que as medidas para a redução das dívidas a serem tomadas pelas nações europeias irão afetar o crescimento econômico.
Em uma mesa-redonda transmitida pela TV, Angela Merkel disse que o sucesso das medidas ainda não está garantido. Perguntada sobre desacordos com parceiros da União Europeia, a ela disse que “algumas discussões são válidas”, sem ser mais específica.
O jornal “El Pais” informou que em uma reunião realizada em Bruxelas no fim de semana retrasado, o presidente francês Nicolas Sarkozy ameaçou sair do euro se Merkel não concordasse em apoiar o plano de socorro da União Europeia. O jornal citou comentários que o primeiro-ministro da Espanha José Luis Rodriguez Zapatero fez durante uma reunião de políticos socialistas.
O jornal espanhol não disse como obteve a informação.
Assessores de Sarkozy, Merkel e Zapatero negaram a informação de que o presidente francês teria ameaçado deixar a moeda única europeia.
Em meio às incertezas, os títulos do Tesouro dos Estados Unidos subiram pela segunda vez seguida na sexta-feira, em razão da maior demanda por ativos mais seguros, provocada pelas especulações de que a crise das dívidas soberanas da Europa vai limitar o crescimento da economia mundial e levar ao rompimento da moeda única.
As notas de 10 anos anularam as perdas sofridas anteriormente na semana, mesmo com dados mostrando que a recuperação econômica dos EUA está ganhando força. Os rendimentos desses Treasuries chegaram a cair 10 pontos-base para 3,44% em Nova York, segundo a BGCantor Market Data. O título que vence em maio de 2020 subiu US$ 8,13 por US$ 1.000 de valor de face.
A agência Moody’s Investors Service disse que há uma chance “maior que” 80% dela vir a cortar a classificação da dívida grega novamente, enquanto o governo luta para aprovar medidas de redução do déficit fiscal. Josef Ackermann, executivo-chefe do Deutsche Bank, disse que a Grécia terá que fazer “esforços incríveis” para pagar suas dívidas.
A Grécia precisa ser estabilizada para evitar “algum tipo de colapso”, disse Ackermannemuma entrevista ao canal de TV ZDF